About Me

quarta-feira, 27 de abril de 2011

“Acho que, assim como a maior parte de nossas feridas tem origem em nossos relacionamentos, o mesmo acontece com as curas.”

Livro - A Cabana

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

Martha Medeiros

Promessas de Casamento

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.

Martha Medeiros

A Bunda

Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?
Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?
Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.
Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.
Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.
Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.
Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.
Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.
Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque*.
Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada,

Fernanda Young.

terça-feira, 12 de abril de 2011

“Benditos sejas os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção… É a base quando falta o chão.”

Machado de Assis.

---

Primeiro: Acho que uma pessoa só pode namorar se o dito cujo (ou a dita cuja) tiver a aprovação dos amigos.

Segundo: Não serei hipócrita, namorar é sinônimo de mudança de rotina, mas não da anulação da individualidade e jamais a omissão para com os amigos.

Terceiro: Amor não é prisão.

---

Essa sempre foi minha opinião, de longa data. Hoje eu fui a ponte de uma situação chata... Eu, tentando ponderar situações para duas pessoas, que são amigas, chegarem a um senso comum. Então, como tive essa experiência e sou uma pessoa de emoções vulneráveis, posso dizer que agora estou me sentindo estranha. Pois é uma situação delicada, onde é necessário muita diplomacia... Embora esse mesmo caso foi o que me motivou a escrever essas considerações acima. Mas fazendo um levantamento desde a minha ultima atualização, posso dizer que estou me sentindo bem, porém apreensiva. Daqui a alguns dias vou enfrentar um grande desafio, talvez o maior da minha vida, até agora. Isso dá um misto de medo e ansiedade. E eu espero ter forças fisicamente, mentalmente e psicologicamente. Daqui pra frente a vida será severa e muito exigente comigo, mas, com toda a certeza, renderá ótimos frutos. Apesar de me sentir um pouco assustada e despreparada, está na hora de enfrentar isso. Não foi, exatamente, o que eu sonhei. Aliás, nada na minha vida foi da maneira como eu queria (assim como na vida de muitas pessoas). E aprendi que existem coisas que não serão da maneira que idealizamos, e fica estagnado, esperando o seu sonho cair do céu não é uma boa alternativa. Os sonhos de alguns – como o meu – vem de uma maneira muito batalhada. São degraus. Não vou mentir dizendo que não poderia ser mais fácil. Eu tive propostas de “trabalho”, atualmente, em relação a um lado artístico, mas, como diz a minha vovó, quando a esmola é demais o santo desconfia. E eu ainda sou daquelas moças à moda antiga que coloca a sua dignidade acima de qualquer coisa, além de preservar – e muito – pela discrição. Recusei uma proposta semana passada, e decidi ir pelo caminho mais difícil... E quer saber? Acho bem mais válido assim. Ainda vale a pena ser uma garota de valor.

Então, quem tiver um carinho por mim, me mande mentalmente energias positivas.

Fora toda essa tensão, estou me sentindo bem e feliz. Mesmo que minha realidade seja de constantes turbilhões de problemas familiares, ainda sinto aquele bem estar e esperança, como se a música ‘Dont stop believin’ do Journey fosse um hino que toca mentalmente todos os dias quando acordo. Na maioria dos dias, acordo “mezzo” Poliana (Poliana, pra quem não conhece, é um livro de literatura infantil muito famoso, onde a protagonista é uma menina que sensibiliza a todos pelo otimismo, amor, bondade e pureza de sentimentos).

Mas fazendo uma observação... Percebi que, no geral, tenho a tendência em me expor mais em momentos tristes... Embora, quando eu era mais jovem e mais imatura, gostava de demonstrar uma felicidade que, às vezes, nem sentia, e eu nem lembro o porquê. Isso mudou faz tempo.

Ainda não entendi essa mudança contraditória, o motivo dessa facilidade em demonstrar, sem vergonha e orgulho, mas com muita simplicidade, minha tristeza aos olhos curiosos dos desconhecidos...

Sério... Eu sou uma pessoa tão estranha que não gosto de me abrir com os meus amigos-irmãos as minhas tristezas mais profundas... E só consigo fazer isso de maneira “non sense” aqui... E não por querer me expor, pois não gosto disso... Mas acho que é por pura esquisitice mesmo, não sei...

É preciso, contudo, acrescentar que as pessoas – no geral – acreditam mais quando uma pessoa se mostra triste do que quando exala a sua felicidade. Muitas vezes eu quis espalhar uma felicidade que não cabia em mim, e isso poderia – e ainda pode – parecer forçado. E não falo só de mim. Quantas vezes, quando vemos alguém muito feliz, nós achamos que isso pode ser forçado?? Há a possibilidade de ser verdadeiro ou falso, mas preferimos acreditar que é falso. Parece que nós nos acostumamos com a tristeza e monotonia. E eu acho isso mal, muito mal. E também há aqueles que não podem ver ninguém sendo feliz que exala a sua amargura, devido a falta de alegria que, às vezes, falta em sua própria vida. Ou por não consegui lidar com seus problemas. Temos nossos dias de mau humor sim, mas, apesar dos nossas atribulações, há muitas outras coisas que fazem a vida ter um gosto mais doce. E ninguém, eu digo ninguém mesmo, merece conviver com alguém amargurado. E tampouco, você merece estar amargurado. A vida é uma roda, tem seus momentos, seus altos e baixos. Está insatisfeito? Triste?? Saia com amigos, beba um vinho, tome um banho de mar, ligue o som e dance sozinho no seu quarto.

E quando ver alguém feliz, abra um sorriso, isso vai te fazer bem também.

E saindo, literalmente, à francesa:

C'est la vie... :)


“Se você souber olhar as coisas dum jeito mágico, tudo fica mais bonito." (Caio Fernando Abreu)

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. (…) As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração.

E o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. (…) Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos.

Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Fernando Pessoa

Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.

Caio Fernando Abreu.

sábado, 2 de abril de 2011

Juro que não sei o que se passa na cabeça - se é que passa alguma coisa - da pessoa que arruma caso por coisas mínimas.

Será que algum tipo de carência ou é o ego implorando por atenção??

Anyway, os holofotes são pra quem merece e não para aqueles que buscam incessantemente.

Então, todo seu esforço é desnecessário e a vergonha alheia é única coisa que conseguirá.