About Me

domingo, 9 de janeiro de 2011

Desabafo

Tenho sentido coisas estranhas. E tenho passado por coisas difíceis. Não, não é tristeza, nem dor, nem decepção. E eu vou tentar escrever e explicar, por que te juro que ainda quero entender o que está se passando comigo.

Lendo Nelson Rodrigues e Caio Fernando Abreu, consegui refletir sobre as pessoas. O Nelson Rodrigues fala a verdade que a maioria tem medo de admitir. Chego a sentir-me envergonhada ao ler como ele vê o ser humano, e me sinto muito mal em saber que não é mentira. Ele é ácido, realista. A realidade crua de uma maneira tão simplista que chega a nos assustar com nós mesmos. A verdade incontestável. Enquanto o Caio, em tudo que já li, era um passional incorrigível, realmente acreditava que o ser humano pode ter algo puro a oferecer. Grandes paixões, romantismos e delicadeza encontramos nas palavras de Caio.

Caio descreveu muitas vezes o sofrimento dos corações partidos, mágoas, as esperanças dos apaixonados e a dor de alguém decepcionado. E me fazia sofrer em saber que tudo aquilo era real. Tudo aquilo que ele escreveu, eu já passei. Os mesmos sentimentos, as mesmas aspirações, as mesmas defesas e os menos pensamentos. E como ele disse: “Não estou fazendo nada errado só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas.” E sim, em tudo que ele escreveu, ele tentou deixar as coisas mais bonitas. Deixando passar sutilmente a podridão do ser humano – a mesma que o Nelson Rodrigues fazia questão de sempre ressaltar.

Embora o Caio fosse um grande romântico e passional, dentro das suas obras estavam o que o Nelson Rodrigues também nos mostrou: Somos sofredores. Sofremos e fazemos sofrer, por que somos egoístas, por que somos impuros ou pelo simples fato de sermos nós mesmos.

E me veio à cabeça o amor sob a visão desses dois grandes escritores, e elas mostram – cada uma em sua peculiaridade – o que todos nós vivenciamos: o sofrimento.

E pensando sobre isso, sobre a misantropia que se apossou em mim e sobre as minhas experiências, percebi que toda minha visão sobre o amor mudou...


Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais”

Caio Fernando Abreu